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Fuori porta de Roma: região de Maremma


Os italianos usam a expressão “fuori porta” para aquelas viagens tipo bate e volta que dá para fazer em um dia ou em um fim de semana. Considerado que a distância entre as cidades por lá é relativamente curta, esses mini roteiros são sempre possíveis de incluir na programação.

A dica, desta vez, é para a região de Maremma que pega um pedaço de Lázio e da Toscana e tem inúmeras cidadezinhas para conhecer a menos de 2 horas de distância de Roma. Visitamos duas delas: Tarquínia e Capalbio.

Para quem gosta de história, Tarquínia é um prato cheio. Foi por lá que nasceu a civilização etrusca que ocupava a maior parte do território do que hoje conhecemos como Toscana. A cidade era a principal entre as 12 maiores habitadas pelos etruscos e foi tomada pelos romanos no ano 281 a.C. Só no século passado, em 1922, o local ganhou o nome atual em homenagem as reis e seus súditos etruscos.

Nos arredores da cidade, encontram-se várias tumbas e artefatos deixados pelos seus antigos habitantes. Na colina Monterozzi, por exemplo, dá para visitar uma necrópole gigante, com mais de 6 mil tumbas subterrâneas cheias de pinturas. No centro, especificamente, no Palazzo Vitelleschi, construído entre 1436 e 1439, fica o melhor museu da cultura etrusca fora de Roma.  Em seus três andares, se tem uma boa ideia de como era o estilo de vida etruscano com vários objetos que remetem até a Idade do Bronze.

Tarquínia tem ainda uma praia que não é assim uma Brastemp, mas, com certeza, quebra o galho quando o verão chega e ainda não é período de férias escolares para os italianos migrarem para o Sul. A areia é preta, ferrosa e por isso, muito, muito, muito quente. A água é um pouco fria e como sempre, com poucas ondas como conhecessemos nós. Na avenida beira-mar, há inúmeros lidos para passar o dia e comer tendo os frutos do mar como ingredientes dos principais pratos. Experimentamos o Gradinoro que atende bem os quesitos acima sem nenhuma menção honrosa.

Capalbio, por sua vez, é uma pequena cidade medieval toda murada com menos
de 4 mil habitantes. O vilarejo faz parte do movimento Cittaslow – criado em 1999 visando reduzir a velocidade das cidades e melhorar a sua qualidade de vida. Então, pense em um lugar tranquilinho, bonitinho, todo arrumadinho …O centro histórico pode ser alcançado por meio de duas portas: a primeira é da Porta Senese que mantém preservada a madeira e as trancas datadas do século 15. O outra é a Porticina, menor, localizada na parte de trás do vale. Evidentemente, a principal atração da cidade é a Igreja, dedicada a São Nicolau, com início da construção no século 12 e que por agora, está fechada para restauração.

Para dar uma agitada no tal slow movement, em 1994, o diretor italiano Michelangelo Antonioni criou o Capalbio Cinema International Short Film Festival que reúne uma centena de pessoas na pracinha para ver filmes e ouvir concertos musicais durante o verão.

E sem deixar de falar de comida, a carne típica da região é o javali que pode ser degustado como embutido, no ragu, em filet. Jantamos na Trattoria Toscana
bem na entrada da parte murada em frente a praçinha que tem uma estátua de Niki de Saint Phalle, que tem uma ligação muito especial com o local.

Desde 1955, a artista francesa, tinha vontade de construir um parque nos moldes do Guell, feito pelo espanhol Antônio Gaudi, em Barcelona. Quase vinte anos depois, em 1974, ela encontra na Itália o pedaço de terra perfeito para a realização de seu sonho. Em 2002, finalmente, é inaugurado o Jardim do Tarot com 22 esculturas gigantes representando os arcanjos feitas com aço e cimento cobertas com mosaicos de murano, espelho e cerâmica.

A visita é gratuita e não tem um mapa pois a ideia de Niki é que cada um faça seu próprio jogo. Fique atento as horários de abertura. Geralmente sempre é aberto no período da tarde e torça para que não chova e possa desfrutar melhor o passeio – o que não foi o nosso caso.

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