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Osteria Francescana: sem palavras. Vai lá e experimenta!


Não é uma tarefa fácil escrever sobre a Osteria Francescana, que está na lista dos cinco melhores restaurantes do mundo desde 2010 em diversas listas feitas por especialistas. Ainda mais não sendo uma crítica gastronômica mas vamos começar respondendo a pergunta que todos fazem: vale a pena ir? Mil vezes sim! E não apenas pelos pratos. A experiência toda é envolvente: o ambiente, a cidade, o staff,  a harmonização dos vinhos. Infelizmente, o dia que estivemos lá, o badalado chef Massimo Bottura estava recebendo mais um prêmio fora da cidade. E isso, claro,  ficou como motivo para tentarmos voltar uma outra vez. Só que a tentativa pode levar os 3 anos que demorei para conseguir esta primeira reserva. Sim,  você leu direito.... 36 meses, 13 mil dias, mais de 300 mil horas.

A saga começou quando assistimos o primeiro episódio do Chef’s Table, no NetFlix. Tendo um marido italiano que ama cozinhar e visitando a Itália pelo menos duas vezes por ano, ficamos atônitos em como ainda não conhecemos o restaurante 3 estrelas Michelin? Dali em diante, a visita ao site para tentar uma reserva virou uma constante.  Toda a vez que programávamos uma viagem para lá, colocava meu nome na lista de espera de vários dias, no almoço e jantar. Uma outra estratégia era ligar para o Riccardo que cuida desta parte no restaurante, assim que colocávamos o pé na Itália. A resposta era sempre educadamente negativa. Começamos achar “contatos” para tentarmos furarmos a fila no famoso jeitinho brasileiro....e nada! Um deles, foi o Marco Panini, proprietário da fazenda Hombre (post aí embaixo)  e amigo de infância do Bottura. Daquele jeito simpático dos italianos, nos jogou um balde de água fria. Seria mais fácil encontrá-lo em casa do que conseguir uma mesa na Osteria. Para compensar, no dia do meu aniversário de 50 anos, chegou em casa o livro “Vieni in Itália con me” devidamente autografado, mas ainda não eram os bilhetes dourados que davam direito a tão aclamada refeição.

A título de informação, as reservas são mensais abertas com 3 meses de antecedência e sempre feitas pelo site às 10 da manhã,  horário da Itália. Sabendo que iria em novembro para Itália, o dia 01 de agosto seria a data para tentar mais uma vez. Estando com o fuso de 5 horas,  significava montar a operação de guerra com celular, iPad e computador a partir das 5 da matina. Relógio tocando, aparelhos ligados e filas: 700 pessoas, 300, 1.200... abro o iPad e pronto: aparece na tela as datas disponíveis, quantidade de pessoas e bimpa: reserva feita.

Daí era só esperar e segurar a ansiedade. Já havia avisado os amigos convidados que faríamos o percurso de 12 pratos com a harmonização proposta pela equipe e organizamos a nossa estada lá. Ficamos no bed & breakfast  Vittorio Veneto, vizinho do restaurante. A proprietária explicou que só abriu o local, um edifício dos início do século XX, basicamente para atender quem vai a cidade para conhecer a Osteria.  São 6 quartos,  cada um decorado de forma especial e com a vantagem de estar situado bem no centro de Modena.

A sexta-feira era chuvosa, mas mesmo assim fomos a pé. Chegando lá, fomos levados direto para uma sala só para a gente – éramos 6 com um garçom para cada um de nós. O ambiente é sóbrio, em tons de cinza, com quadros de arte contemporânea na paredes.  Quem assistiu o programa do NetFlix, vai identificar a obra de Maurizio Cattelan que influenciou Bottura a repensar  sua cozinha interferindo em pratos típicos da culinária italiana.  Na nossa sala, as paredes eram repletas de  fotos de pássaros.

O serviço começou bem formal, até um pouco intimidador. Mas para um mesa com 4 italianos e duas brasileiras, evidentemente, esse rigor não iria durar muito.  Ainda mais com a chegada do maitrê Giuseppe Palmieri que fez as honras da casa e foi nos contando sobre pratos, os vinhos e todo a história que envolve manter o título de melhor do mundo.
  
O papo correu solto que até rendeu o café da manhã do dia seguinte. Palmieri mantem um pequeno negócio que serve sanduíches e refeições rápidas além de vender produtos local.  Fomos do 3 estrelas a um panino de mortadela com a mesma qualidade em menos de 12 horas.

Enfim, para matar a curiosidade do que nos reserva a cozinha de Bottura, seguem os pratos que degustamos.

As entradas



Autumm in New York as
a journey of he eel

Burnt



Mediterranean Sole

Wagyu no wagyu


When my mom met Bocuse

Five ages of Parmigiano Reggiano


Ravioli of roasted potatoes in
Guinea hen roasted sauce


Guinea hen crunchy skin,
savor livers and truffle

Pumpkin risotto

Oops! I dropped the lemon art

Na saída, ainda, visitamos a cozinha onde encontramos dois brasileiros que estão estagiando por lá e o sous chef  Takahiko Kondo, que inspirou a sobremesa Oops! I Dropped the Lemon Tart”,  uma torta de limão descontruída depois que a sobremesa original caiu no chão e Bottura viu ali o toque que faltava. Mais uma cena inesquecível desta noite de surpresas de sabores, gostos e cores.

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