Pular para o conteúdo principal

Depois do terremoto

Noto é a capital barroca da Sicilia. Quem quiser connhecer este estilo arquitetônico tem que dedicar uma longa estada nesta pequena cidade para entender, procurar, vislumbrar e se admirar com os pequenos detalhes dos prédios, igrejas e edifícios. A atual Noto surgiu depois de um terremoto em 1693 que destruiu quase completamente o antigo centro de casas construídas sobre a colina de Alveria. Ainda há prédios sendo restaurados, mas faz parte da conservação de um lugar desta envergadura, que, aliás, sofreu com um novo abalo sísmico em 1990.  Mesmo com essas adversidades e por isso perdendo um pouco a sua importância ecônomica, a cidade conserva aquela mágica sensação de que tudo foi congelado em algum lugar do passado e lá permaneceu. Aliás, essa é uma sensação que tive passeando por essas pequenas cidades italianos. O tal ritmo de vida do velho mundo destoa completamente do nosso frenesi louco. Se aqui é o país do futuro, a Itália se orgulha de ser do passado. A rotina calma, o cumprimento aos passantes, o fechamento do comércio para o longo almoço - das 13 às 16, o hábito de parar toda hora para um cafezinho, a boa vontade de contar uma história faz parte de um jeito de olhar a vida com os olhos virados para trás.

Comentários

  1. Gracie. Estive em visita a Scicli recentemente,a paz o sossego, o silencio fala mais alto. Vi Ragusa ibla de longe mas deve ser tão linda como.

    Te lascerò un sorriso, ciao ! =/;)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Pantalica: um cemitério incrustado em rochas

Visitar cemitérios faz parte de alguns roteiros turísticos como o Pere Lachaise em Paris que tem túmulos de pessoas famosas como Honoré de Balzac,  Maria Callas, Frédéric Chopin, Eugène Delacroix, Molière, Yves Montand, Jim Morrison e  Edith Piaf. Agora imagina um com mais de 5.000 tumbas datadas dos Séculos XIII ao VII a.C? Claro que não sabemos quem foi enterrado por lá, mas é uma passeio pelo pré-história visitar a Necrópole Rochosa de Pantalica. O nome deriva do grego πάνταλίθος = lugar das pedras ou do árabe buntarigah = lugar das cavernas, mostrando mais uma vez as influências na Sicília. Pantalica está localizada em um platô envolto por cânions formado pelos rios Anapo e Calcinara. Chegando lá dá para escolher duas trilhas distintas: uma mais longa e outra um pouco mais acessível. Pela Vale Anapo, a trilha tem cerca de 10km na antiga rota entre Siracusa e Vizzini.  A outra é ser feita pela Sella di Filiporto, começando da região de Ferla ou, pelo outro lado, em Sortino, que lev

Segesta: esta é a vez da cultura grega ou do engana que eu gosto

A parada em Segesta consiste em conhecer o seu sítio arqueológico com vários monumentos ainda preservados. Os dois maiores são: o Monte Bárbaro com um castelo e teatro e o Templo.  Segesta teria sido fundada pelos sobreviventes da guerra de Troia, comandados por Eneas: antes de chegar em Roma, ele teria deixado uma grande colonia de cidadãos e seu próprio pai. Na Antiguidade Segesta permaneceu em perene conflito com Selinunte e se tornou uma cidade livre apenas com a chegada dos romanos. O templo é enorme e dá para se avistar de longe na estrada. A sua estrutura é levemente diferente dos templos gregos canônicos. É considerado de arquitetura dórica pois possui seis colunas na frente e catorze nas laterais, com um frontão em forma de triângulo. Sem uma estrutura interna e a sua presença em uma cidade não grega gera muita polêmica entre os estudiosos. Muitas aceitam a versão de obra inacabada. Outros acham que a intenção era mesmo o culto aso deuses gregos. Uma terceira versão, é que os

Positano: porquê o mundo é assim?

Falando em tecnologia e arquitetura, ao chegar em Positano e ver aquele lugar realmente especial e lindo construído sobre um morro me perguntei o tempo todo: porquê com a mesma geografia, o mesmo homem pode criar uma cidade como aquela e ao mesmo tempo as favelas no Rio de Janeiro? O que faz termos nas mesmas condições de terreno, soluções tão diferentes? Talvez seja o frio. Mas Positano está na Costiera Almafitana, na Campania, onde nem é tão frio. O tamanho pode ser a desculpa. A cidade italiana tem 8 km, bem maior que o Pavão-Pavãozinho que vejo da minha janela. Construída entre os séculos 16 e 17,  foi habitada por australianos e era até um povoado pobre até ser descoberta como ponto turístico e cenários de filmes como "Only you", "Sob o sol da Toscana", " O talentoso Mr. Ripley". Aqui, tudo é mais sem cor,  sem charme e o que aparece no cinema, são as cenas de violência. Deveríamos importar esse tipo de cultura e pensamento. Uma dica: ao chegar de car